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Qual a diferença entre demência, doença de Alzheimer e senilidade? É normal esquecer com a idade?

Atualizado: 16 de set. de 2023

A perda de memória é frequentemente associada ao envelhecimento. Pacientes que atendo em minha rotina frequentemente exibem prejuízos de memória que não são esperados no contexto do avanço da idade, mas cujos familiares costumeiramente interpretam como algo “natural”. Além disso, é também frequente a confusão entre os termos demência, doença de Alzheimer e senilidade.

Um primeiro esclarecimento necessário é sobre a definição de demência. Demência corresponde a um processo evolutivo (progressivo) em que a pessoa apresenta uma perda de capacidades que antes apresentava (exemplos: lembrar dos compromissos, organizar suas finanças, tomar medicações por conta própria, se localizar no espaço) tal que leve a um impacto significativo em sua rotina e sua autonomia. A causa mais comum de demência, no mundo, é a doença de Alzheimer, que possui suas particularidades clínicas e anatomopatológicas, mas há várias outras causas de demência.

Senilidade é o nome dado ao envelhecimento patológico (doente), em que o idoso um grau além do esperado de debilidade física e intelectual, muito associado ao estilo de vida e comorbidades do paciente, sendo um termo pouco específico. Dessa forma, os termos demência senil e demência são, na prática, sinônimos, uma vez que ambos os termos geralmente se referem às mesmas doenças (a exemplo do Alzheimer).

Com o envelhecimento, ocorrem mudanças estruturais em nosso organismo, incluindo o cérebro, que pode apresentar uma perda do seu volume de até 0,5% ao ano após os 40 anos de idade, especialmente nas pessoas sedentárias e com estilo de vida pouco saudável. Essas alterações geralmente se traduzem como uma redução das chamadas capacidades fluidas, que têm a ver com a adaptação a novos desafios. Dessa forma, a curva de aprendizado e capacidade de memorizar novas informações pode estar um pouco reduzida, entretanto sem causar prejuízo funcional significativo. Por outro lado, perdas de memórias que correspondem ao conhecimento de mundo (ex: o que é um cachorro, pra que serve o relógio, onde vive o leão etc) não são esperadas com a idade e podem representar algum problema neurológico.

Existem, portanto, queixas de memória que são compatíveis com o envelhecimento normal e queixas que são sugestivas de algum problema mais sério. A consulta médica com histórico detalhado e avaliação neuropsicológica completa feita no consultório são imprescindíveis para o diagnóstico e manejo adequado de cada caso.



Referências


  • Harada CN, Natelson Love MC, Triebel KL. Normal cognitive aging. Clin Geriatr Med. 2013 Nov;29(4):737-52. doi: 10.1016/j.cger.2013.07.002. PMID: 24094294; PMCID: PMC4015335.

  • Murman DL. The Impact of Age on Cognition. Semin Hear. 2015 Aug;36(3):111-21. doi: 10.1055/s-0035-1555115. PMID: 27516712; PMCID: PMC4906299.

 
 
 

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